Somos tão Jovens.
Filme biográfico sobre a vida de adolescente e início da fase adulta de Renato Manfredini Jr, o Renato Russo. Quando conheci a Legião Urbana, eu tinha 11 anos. Odiava aquela música, Será. Não via sentido naquilo. Também... 11 anos. De repente, uma música estoura na rádio... Amei aquela música. Tava começando a tocar violão. Estourava Eduardo e Mônica. Quem cantava... o mesmo cara de Será. Puxa, o que mudou? Eu tinha 12 anos...
O que mudou é que entrei na puberdade e chegava na adolescência. Tocava violão, tinha um amor não correspondido na escola. Mas não conhecia a fundo a tal Legião Urbana. Comprei o disco, auxiliado com o dinheiro da minha mãe, grande incentivadora dos meus gostos musicais. O nome do disco "Dois". Super original. Agora... tudo isso prá chegar na música que deu título ao filme: Tempo Perdido. Um ícone não só da Legião, mas de toda a minha geração! Somos eternamente Jovens!
Vamos ao filme!
O ator que faz o papel do Renato, Thiago Mendonça... Meus parabéns! Velho... se tivéssemos repercussão internacional, na indústria cinematográfica, te digo (se um dia você chegar a ler isto): você é um dos mais fortes candidatos ao Oscar de melhor ator. Infelizmente, nosso cinema é muito falho e não temos força nenhuma. A sutileza com a qual ele retrata as dúvidas do Renato, as incertezas e até a dubiedade de sua sexualidade (gostando de meninos e meninas), é brilhante. Não há apelações para sexualidade, mas mostra o gênio incompreendido preso numa carcaça prestes a explodir. Mostrando um gênio, anos a frente do seu tempo!
O filme faz um recorte temporal, mostrando Brasília de 1976 a 1982, fase em que Renato era um adolescente encantado pelo punk. Funda sua primeira banda, o Aborto Elétrico, junto com o Fê Lemos (hoje baterista do Capital Inicial). A partir daí, sucesso no submundo do rock de Brasilia. Apesar do sucesso, junto com Plebe Rude, Renato parte do grupo e faz sua primeira carreira solo, compondo Eduardo e Mônica (inspirando-se num namorico de Dinho, também do futuro Capital Inicial), Faroeste Caboclo e outras tantas músicas, que só estourariam anos depois no âmbito nacional.
Curioso, novamente, o sutil olhar do diretor Antônio Carlos Fontoura sobre a paixão de Renato por Flávio Lemos, irmão de Fê e baixista do Aborto e hoje no Capital Inicial. Sem apelações, torna bonito o olhar sobre a paixão de Renato.
A parte, comentário meu. Em Ainda é Cedo acabei derrubando lágrimas, pela emoção do reencontro de amigos que romperam relações, por conta do individualismo do Renato, que gravava as conversas com os amigos no seu quarto, às escondidas. É o reencontro dele com Aninha. Não aguentei. Chorei mesmo... kkkk O fato é que, prá quem é da minha geração, com seus 30 e poucos anos, sabe o valor real que se dá a uma velha amizade. Não temos vergonha em dizer que somos emotivos mesmo.
Triste é ver que, depois disso, constato que a nova geração, dos nossos alunos não tem um Renato. O cultuam pela falta de ídolos verdadeiros, que passem, de fato, uma mensagem jovem para os jovens.
Parabéns Thiago e ao resto da equipe!