CAUSAS
Documento I
Caricatura referente à insurreição popular de 1905 mostra um dos responsáveis pela repressão tomando um banho de sangue.
Documento II
“Majestade. Nós, os trabalhadores e habitantes de São Petersburgo, nossas mulheres, nossos filhos e nossos parentes velhos e desamparados, vimos à vossa presença, majestade, buscar verdade, justiça e proteção. Fomos transformados em pedintes, somos oprimidos, estamos à beira da morte. (...) Paramos o trabalho e dissemos aos nossos patrões que não recomeçaremos enquanto não aceirarem nossas reivindicações. Não pedimos muito: a redução da jornada de trabalho para oito horas, o estabelecimento de um salário mínimo de um rublo por dia e a abolição do trabalho extraordinário.
[...] Os oficiais levaram o país à ruína completa e o envolveram numa guerra vergonhosa. Nós, os trabalhadores, não temos como nos fazer ouvir sobre a maneira como são gastas as enormes somas que nos são retiradas em impostos.
[...] Ordenai que sejam efetuadas eleições para uma Assembléia Constituinte, sob a forma de sufrágio secreto, igual e universal.
[...] Essas coisas, majestade, trouxeram-nos diante de vosso palácio. Estamos procurando a nossa última salvação. Não recuseis ajuda a vosso povo. Destruí o muro que se levanta entre vós e vosso povo.”
Petição ao czar Nicolau II, São Petersburgo, 1905.
Documento III
O desenho animado Anastácia de 1997 (Fox) apresenta a história da Princesa Anastácia que busca reencontrar sua família restante, sua avó, a Grã-Duquesa Imperial que vive em Paris. É ela, a avó, que narra parte da história que se refere às causas da Revolução Russa:
Houve um tempo, não faz muito, em que nós vivíamos num mundo encantado de elegância, palácios e grandes bailes. O ano era 1916 e o meu filho, Nicolau, era o czar da Rússia Imperial. Estávamos comemorando o trecentésimo aniversário do governo de nossa família. E naquela noite, nenhuma estrela era mais radiante que Anastácia, a minha neta mais jovem.
Mas (...) a sombra havia descido à casa [família] dos Romanov. O nome dele era Rasputin. Pensávamos que ele fosse um homem santo, [mas era] belicoso, sequioso de poder.
[Rasputin entra na festa e diz:] – Pelos ímpios poderes de que fui investido, eu expulso os Romanov, guarde minhas palavras: Os Romanov vão morrer dentro de 15 dias.
Consumido pelo seu ódio a Nicolau e a sua família, Rasputin vendeu a alma em troca do poder de nos destruir. Daquele momento em diante, a centelha da infelicidade foi insuflada em uma chama que em pouco tempo destruiria nossa vida.
Documento IV
Uma carta a seu amigo Ludwig Kugelmann, de 12 de outubro de 1868, Karl Marx escreve:
"Há alguns dias, um editor de São Petersburgo me deu a notícia surpreendente de que O capital em tradução russa já está no prelo. Por essa razão, pediu minha foto para uma vinheta na capa do livro, e não pude negar esse pequeno serviço aos 'meus queridos amigos' russos. Decerto é uma ironia do destino que os russos - contra os quais lutei durante 25 anos, e não só em alemão, mas também em francês e em inglês - sempre tenham sido meus 'correlegionários'. Nos anos de 1843-1844 em Paris, eu desfrutava de uma grande consideração junto aos aristocratas russos locais."
Marx ressalta o grande sucesso que seus primeiros escritos já conseguiram na Rússia e prossegue:
"Assim, a Rússia é o primeiro país estrangeiro onde se traduziu O capital. Mas não se deve superestimar este fato. Os jovens da aristocracia russa foram educados em Paris e nas universidades alemãs. Eles continuam correndo atrás das coisas radicais que o Ocidente produz."
De fato, a primeira tradução russa de O capital foi publicada em 1872, menos de cinco anos depois da edição original alemã e quinze anos antes da tradução inglesa. As ideias marxistas começaram a se difundir na Rússia graças aos populistas, termo que designava toda uma série de grupos que sustentam uma teoria da revolução camponesa e admitem, em certos casos, as ações terroristas contra os representantes da autocracia.
Os populistas ficam profundamente impressionados com a descrição que Marx faz das atrocidades da acumulação primitiva do capital e da revolução industrial na Inglaterra. Assimilaram também sua teoria da mais-valia e sua crítica da economia política.
Recusam-se, porém, a adotar a ideia evolucionista segundo a qual o capitalismo representa um passo à frente em relação à autocracia, e seu desenvolvimento é uma etapa obrigatória no progresso da sociedade.
Foi um jovem revolucionário, Georg Plekhanov (1856-1918), o primeiro a romper com o populismo e sustentar que a revolução só pode ocorrer após o desenvolvimento do capitalismo, e que que ela será feita pelo proletariado industrial. Em 1883, Plekhanov funda na Suíça, com Paul Axelrold e Vera Zassulitch, a primeira organização marxista russa: a Emancipação do Trabalho. O programa deste grupo revolucionário lança as bases ideológicas da socialdemocracia russa e traz a possibilidade de se criar um partido operário no império dos tsares. Nos anos seguintes nascem vários círculos marxistas, em em 1895 funda-se em São Petersburgo a União de Luta pela Libertação da Classe Operária. Entre seus membros, encontra-se um discípulo entusiástico de Plekhanov: Vladimir Ilitch Ulianov (Lenin).
Extraído de: SALAMONI, Antonella. Lênin e a Revolução Russa. São Paulo: Ática, 1995, p.21.
Documento V
O colosso russo exercia um grande encantamento sobre toda a Europa. No xadrez dos planos militares a Rússia, com suas dimensões e o peso de suas cifras, representava uma peça importante. Embora não se tivesse esquecido seu triste papel na guerra contra o Japão, aideia do rolo compressor russo dava conforto e coragem à França e à Grã-Bretanha. Sabiam que o temor dos eslavos pela retaguarda atormentava os alemães.
Eram notórias as derrotas do exército russo. Fora o inverno e não o exército russo que detivera o avanço de Napoleão em direção a Moscou; tinham sido derrotados em seu próprio solo pelos franceses e ingleses na Crimeia; os turcos tinham resistido em 1877 ao cerco de Pleyna, só sucumbindo posteriormente devido à inferioridade numérica; os japoneses tinham nos derrotado na Manchúria. E, apesar de tudo, perdurava o mito da invencibilidade russa.
TUCHMAN, B. Os canhões de Agosto. Rio de Janeiro: Editorial Bruguera, p.62.
Documento VI
"A batalha já dura oito dias. Começou na última sexta-feira. Sábado, domingo, segunda, terça, quarta, quinta já se passaram; a sexta veio e já passou, e ela ainda continua. Dos dois lados, centenas de milhares de homens estão presentes; e, sem recuar, lançam continuamente projéteis explosivos. A cada segundo, seres humanos cheios de vida tornam-se cadáveres. O alarido e o abalo constante do ar, que faz tremer o próprio céu, atraem nuvens negras e ameaçadoras sobre o campo da carnificina. Que importa! Os guerreiros não recuam, e matam uns aos outros"
Relato da Guerra Russo Japonesa (1904-1905) de ANDREIEV, Leonid. O riso vermelho, Ed. Ombres, Toulouse, 1991. In: SALOMONI, op. cit.
Documento VII
Reunida em Moscou, a população se revolta após a capitulação de Port Arthur (20/12/1904) diante dos japoneses, faz explodir a grande revolta de 1905.
ATIVIDADES
a) Segundo o texto acima e com base no que você estudou, qual era a situação dos trabalhadores russos?
b) Quais as principais reclamações populares?
c) Qual a informação que o texto sobre o desenho Anástacia está errada de acordo com o que você estudou?
d) Qual a relação que podemos estabelecer entre os documentos V, VI e VII?
Assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) o desenho animado é um documento histórico primário, ou seja, foi produzido durante os eventos de que trata.
( ) A produção do documento é influenciada pelo contexto histórico em que está inserido.
( ) A execução da família real e posterior omissão dos corpos visava impedir que o local da morte se transformasse em local de peregrinação para opositores do socialismo.
( ) O contexto de produção do documento é pós-guerra fria, assim, uma visão mais simpática a monarquia foi retratada.
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